Serviu
ao Exército pela primeira vez, se alistando no então
15ºBC, em Curitiba, hoje 20ºBIB, onde participou da Revolução
de 1930. Transferido para o Rio de Janeiro, combateu a Revolução
de 1932 no Vale do Paraíba. Foi professor de Educação
Física e Defesa Pessoal. Ingressou na Polícia Militar
do Rio, então Distrito Federal, sendo Cmt da Polícia
de Vigilância.
Na época da 2ª Grande Guerra Mundial, apresentou-se
voluntariamente, tendo sido designado para a 1ª Cia, do 1°
Btl, do já tradicional 11°Regimento de Infantaria, em
São João Del Rei. Contava ele com 33 (trinta e três)
anos de idade.
Ingressou na FEB como 3°
Sargento e desde cedo tornou- se muito popular e querido, dada as
suas atitudes desassombradas e à maneira carinhosa e paternalista
com que tratava seus subordinados (apelidado de carinhoso). Com
o passar do tempo, passou a ser admirado não só pelos
seus camaradas, mas pelos superiores tanto da FEB como do V Exército
de Campanha americano, pelas suas inegáveis qualidades.
Todas as vezes que se apresentava
missões difíceis a serem cumpridas, lá estava
o Sgt Wolff se declarando voluntário, principalmente participando
de patrulhas. Fazia parte da Companhia de Comando e, portanto, sem
estar ligado diretamente às atividades de combate, participou
de todas as ações de seu Batalhão no ataque
de 12 de dezembro a Monte Castelo, levando, de forma incessante,
munição para a frente de batalha e retornando com
feridos e, na falta deste, com mortos.
Indicado por sua coragem
invulgar e pelo excepcional senso de responsabilidade, passou a
ser presença obrigatória de todas as ações
de patrulha de todas as companhias, como condição
indispensável ao êxito das incursões. Um desses
exemplos está contido no episódio em que o General
Zenóbio da Costa, ao saber do desaparecimento do seu Ajudante-de-Ordens,
Cap João Tarciso Bueno, que fora colocado à disposição
do escalão de ataque, pelo General, por absoluta falta de
recompletamento de oficiais, ordenara ao Cmt do Btl que formasse
uma patrulha para resgatar o corpo do seu auxiliar. O Cmt adiantou
ao emissário que a missão seria muito difícil,
mas que tentaria. Para
tanto, sabedor que só um “Wolff” poderia cumpri-la,
o chamou, deu a ordem e ouviu do Sgt Wolff, com a serenidade, a
firmeza e a lealdade que só os homens excepcionalmente dotados
podem ter: ''Coronel, por favor, diga ao General que, desde o escurecer,
este padioleiro e eu estamos indo e voltando às posições
inimigas para trazer os nossos companheiros feridos. Faremos isto
até que a luz do dia nos impeça de fazer. Se, numa
dessas viagens, encontrarmos o corpo do Capitão Bueno, nós
o traremos, também".
Não logrou o Sgt
Wolff trazer o corpo do Cap Bueno que, apenas ferido, havia sido
resgatado por um soldado, mas ainda lhe foi possível, naquela
madrugada, salvar muitas outras vidas.
Tais qualidades o elevaram ao comando de um pelotão de choque,
integrado por homens de elevados atributos de combatente, especializado
para as missões de patrulha, que marcharia sobre o acidente
capital "Ponto cotado 747", ação fundamental
nos planos concebidos para a conquista de Montese. Foi-lhe lembrado
sobre a poupança da munição para usá-la
no momento devido, pois, certamente, os nazistas iriam se opor à
nossa vontade. Foi-lhe aconselhado que se precavesse, pois a missão
seria à luz do dia.
Partiu às
12 h de Monteporte, passou pelo ponto cotado 732 e foi a Maiorani,
de onde saiu às 13:10h para abordar o ponto cotado 747. Tomou,
o Sgt Wolff, todas as precauções, conseguindo aproximar-se
muito do casario, tentando envolvê-lo pelo Norte. Estavam
a 20 metros e o Sgt Wolff, provavelmente, tendo se convencido de
que o inimigo recuara, estando longe, abandonou o caminho previsto
para, desassombradamente, à frente de seus homens, com duas
fitas de munição trançadas sobre seus ombros,
alcançar o terço superior da elevação.
O inimigo deixou que chegasse bem perto, até quando não
podiam mais errar. Eram 13:15 h do dia 12 abril de 1945. O inimigo
abriu uma rajada, atingindo e ferindo o comandante no peito que,
ao cair, recebeu nova rajada de arma automática, tendo caído,
mortalmente, também o soldado que estava ao seu lado.
Após esta
cena, sucedeu-se a ação quase suicida de seus liderados
para resgatar o corpo do comandante. A rajada da metralha inimiga
rasgava um alarido de sangue. A patrulha procurava neutralizar a
arma que calara o herói. Dois homens puxaram o corpo pelas
pernas. Um deles ficou abatido nessa tentativa. O outro, esquálido
e ousado, trouxe Wolff à primeira cratera que se lhe ofereceu.
Ali, mortos e vivos se confundiam. A patrulha, exausta, iniciava
o penoso regresso às nossas linhas, pedindo que a artilharia
cegasse o inimigo com os fogos fumígenos e de neutralização.
Os soldados do Onze queriam, a qualquer custo, buscar o companheiro
na cratera para onde tinha sido trazido, lembrando a ação
que ele mesmo praticara tantas vezes. Queriam trazer o paciente
artesão das tramas e armadilhas da vida e da morte das patrulhas.
Foi impossível resgatá-lo no mesmo dia face à
eficácia dos fogos inimigos, inclusive de Artilharia. O dia
seguinte era a largada da grande ofensiva da primavera. O Sgt Wolff
lá ficara para que estivéssemos presentes na hora
da decisão.
Montese foi conquistada.
Seu nome será sempre presente porque as grandes ações
resistem ao tempo e são eternas. Foi promovido "post-mortem"
ao posto de 2º Tenente (Decreto Presidencial, de 28 Jun 45).
Deixou na orfandade sua filha, Hilda, seu elevo e maior afeição
de sua vida de soldado. Da Itália, escreveu a sua irmã,
Isabel, relatando seu orgulho em pertencer ao Exército Brasileiro
e que, se a morte o visitasse, morreria com satisfação.
Foi homenageado com a distinção de ser agraciado com
quatro medalhas: de Campanha; sangue do Brasil; Bronze Star (americana)
e Cruz de Combate de 1ª Classe. Eis a síntese do heroísmo
de um homem simples e valoroso. Seus restos mortais encontram-se
no Monumento aos Mortos da Segunda Guerra Mundial, no jazido 32,
quadra G.
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