Legião da Infantaria/Brasília - Legião Gen Silva Néto

 
...principal/ Curiosidades  

 Curiosidades

VOCÊ SABIA ?

QUE EXISTEM ALGUMAS CURIOSIDADES SOBRE O HINO NACIONAL BRASILEIRO ?

FIGURA

 

      ... O HINO NACIONAL BRASILEIRO - HNB, tem trechos musicais semelhantes à Ópera Le Chateau D'Amour, Ópera -Féerie oo Don Sancher, do autor Franz Liszt, de 1825 ...

       ... Quem compôs o HNB foi Francisco Manoel da Silva, que viveu entre 1795 a 1865, que foi maestro, compositor e professor brasileiro, que, inicialmente, ficou conhecido por "Hino de 7 de Abri", em homenagem a D. Pedro I ...

       ... A partir de 1905, o compositor Alberto Nepomuceno começou a se envolver com a elaboração da letra do HNB. Em 1909, ele mobilizou o seu amigo e poeta Joaquim Osório Duque-Estrada para fzer uma letra para o referido Hino ...

       ... Mas, foi só em 1922 que ele foi oficializado como HNB ...

Clique Aqui e assista o vídeo com detalhes e explicações ...


A matéria acima foi uma colaboração do
Cel Inf Vet AMAN - Turma de 1975

ÁLVARO Pereira da Silva


COMO ACONTECEU A CONSTRUÇÃO DA AMAN ?

ACADEMIA MILITAR DAS AGULHAS NEGRAS (AMAN) - História, Tradições, Dados e Curiosidades.

               RESUMO: Este trabalho tem como escopo a concepção e construção da Militar das Agulhas Negras, na cidade de Resende, Estado do Rio de Janeiro, no período entre 1930 e 1944, ano em que a Academia foi inaugurada. Serão abordados aspectos da história, tradições e apresentados dados e curiosidades da Academia. Inicia abordando os esforços do Marechal José Pessôa Cavalcante de Albuquerque, o idealizador da AMAN, para construir a Academia. Depois trata da escolha do local, do concurso realizado para a escolha do projeto,  do lançamento da pedra fundamental,  curiosidades e,  finaliza com a apresentação de alguns dados sobre a Academia.
          
     O Marechal José Pessôa Cavalcante de Albuquerque
          
     No agitado ano de 1930, José Pessoa comanda o 3o. Regimento de Infantaria, na Praia Vermelha.
               Em julho é assassinado João Pessoa, seu irmão, presidente da Paraíba e candidato a vice-presidente da República, com Getúlio Vargas, na chapa da Aliança Liberal. É o estopim da revolução. José Pessoa dela participa. Aproveitando a experiência adquirida na Faculdade de Direito de São Paulo, substituiu a guarnição do 3o. RI por civis que treinara militarmente.
               Legítimo representante da Revolução de 30, assume nos primeiros dias de 1931 o comando da Escola Militar do Realengo. Em sua primeira ordem do dia, expõe em linhas gerais o projeto de mudança da Escola: "Reuni a necessária documentação para fundamentar a remodelação integral por que passará a Escola Militar: West Point, Saint-Cyr, Sandhurst serão os moldes de onde sairão as linhas gerais de vossa formação militar. A formação do oficial brasileiro, em seu primeiro lance na Escola Militar, terá como base a educação física, como meio, a cultura geral científica e, como fim, a mais rigorosa preparação profissional".
               Jeovah Mota, que foi aluno da Escola Militar do Realengo, destaca que o Marechal tinha grande preocupação com a limpeza do cadete: limpeza no sentido físico, moral e social, Note-se que as condições higiênicas do Realengo eram más, devido à frequente falta de água.
               Por decreto de 21 de agosto de 1931, é criado o Corpo de Cadetes, restabelecendo a antiga denominação que fora abolida pela República, em 1889.
               Em 25 de agosto - aniversário de Caxias - é feita a entrega do Estandarte distintivo do Corpo de Cadetes. No estandarte já aparece o Brasão D´Armas, com o perfil estilizado das Agulhas Negras, em fundo dourado. Esse fato evidencia que o nome e o local da nova Escola já estavam escolhidos.
               O uniforme "Azulão", assim como a barretina de 1852 e o cordão com palmatória e borlas, que serviam no Império para distinguir os diferentes anos dos alunos, é também resgatado.
               Uma cópia fiel reduzida da espada de campanha do Duque de Caxias, símbolo da honra militar, passou a distinguir o cadete.
               Em sua ordem do dia, destaca o Coronel José Pessoa: "O privilégio do Colégio Militar para o ingresso no Realengo desaparece.  Todos os meios sociais podem concorrer ao ingresso, por isso que somente 60% das vagas são reservadas para oriundos do Colégio Militar. De outro modo, a repartição das vagas anuais pelas três fontes reconhecidas idôneas - os Colégios Militares, os institutos secundários de ensino e os corpos de tropa - conduzem, como é natural, à seleção física, moral e intelectual dos candidatos. Classificação rigorosa por merecimento e média geral cinco de base asseguram a seleção intelectual. Extrato dos assentamentos do candidato permitem o controle moral dos pretendentes. Por fim, o atestado prévio de sanidade e rigorosa inspeção física de entrada afirmam a capacidade física dos concorrentes". 
               Em 12 de dezembro de 1949, já na nova Escola em Resende, recebe uma homenagem, por ocasião de sua passagem para a reserva. Comovido agradece: "Meu coração de soldado jamais vibrou tão intensamente como hoje. A Academia Militar das Agulhas Negras foi meu sonho supremo, e me sinto feliz ao vê-lo concretizado".
               A construção da Academia Militar das Agulhas Negras, Vitoriosa a Revolução de 30, cabe ao governo Getúlio Vargas a decisão de mudar a escola militar do Rio de Janeiro para outro local.
               Duas fases distintas apresenta a evolução de tão grandioso empreendimento.
               De 1931 a 1934, é a atuação decidida do Coronel José Pessôa Cavalcanti de Albuquerque, então Comandante da Escola Militar do Realengo. Ele é o autor da idéia e seu grande propugnador. Sob sua presidência foi então organizada uma Comissão com vinte oficiais de todas as Armas, para escolher o local, dar parecer e providenciar o projeto e as obras.

               ESCOLHA DO LOCAL

               Como presidente da Comissão Executiva para a Construção da Nova Escola Militar, o Cel José Pessoa saiu à procura de local, em fevereiro de 1931. Num domingo, um acidente de automóvel o detém na estrada velha Rio - São Paulo. Aproveita para uma visita ao município de Resende. E é então que se fixa, pela primeira vez, no majestoso maciço de Itatiaia, onde se destacam, soberbas, as Agulhas Negras. 
               Após muitos estudos e visitas a várias outras regiões, a Comissão escolheu a cidade de Resende para sediar a nova Escola Militar. O acidente de automóvel, que fizera com que o Cel José Pessoa viesse a Resende, fora providencial. Nenhum outro local reunia tão  boas condições: amplo local para a construção, área para campo de pouso e campo de aviação maior na cidade,  terreno variado e suficiente para treinamento e tiro, rio próximo, clima ameno e local quase equidistante das duas grandes cidades e convergência de três dos maiores estados do país.   
               A antiga fazenda do Alambarí, onde funcionava o Horto Florestal do Ministério da Agricultura foi o terreno inicialmente escolhido. Foi então solicitado ao Serviço Geográfico e Histórico do Exército um levantamento aerofotogramétrico dos terrenos da fazenda. O primoroso trabalho realizado serviu de base para a Comissão Construtora.

               CONCURSO PARA EXECUÇÃO DA OBRA

               No concurso realizado para a execução da obra foi vencedor o arquiteto Raul Penna Firme.
               Executado e apresentado à Comissão em 1932, o projeto teve que sofrer ligeiras modificações oriundas da necessária adaptação aos terrenos da fazenda do Castelo, contíguos ao Horto Florestal e julgados possuidores de condições mais vantajosas.
               Nessa ocasião foi obtida, por intermédio do então coronel José Pessoa, a cooperação do Estado do Rio de Janeiro, a qual consistiria, conforme desejo do então interventor Comandante Ari Parreiras, na aquisição da fazenda do Castelo e respectiva doação ao Exército, como contribuição do estado fluminense. 
               É natural que tão vultoso empreendimento provocasse entre seus organizadores, a concepção cuidadosa de planos de financiamento de alta envergadura, cogitando-se até no aproveitamento de alguns milhares de sacas de café, então destinadas à incineração.
               Grandes modificações na alta esfera administrativa fizeram ruir por terra todos os planos até então concebidos com tanto entusiasmo e pertinácia. Entra o ano de 1934, e daí em diante paralisaram os trabalhos da referida Comissão, embora jamais tivesse o Cel Pessôa deixado de insistir, por todas as maneiras, principalmente pela imprensa, afim de que fossem retomados os trabalhos e concretizada a idéia lançada por ele em 1931.

               PEDRA FUNDAMENTAL

               Em 1933, foi programado o lançamento da pedra fundamental. Essa solenidade foi suspensa na véspera. Na noite de 28 de outubro de 1933, o Cel José Pessoa, sozinho e profundamente emocionado - segundo o relato do arquiteto Dr. Penna Firme - plantou ao lado da sede da Fazenda do Castelo (localizada hoje ao lado do trevo de entrada da cidade) uma lasca de rocha das Agulhas Negras, de cerca de 50 x 60 cm.
              A mudança de planos deveu-se à idéia de que seria inconveniente a formação do oficial em um local com todos os recursos e requintes, contrastando com a realidade da maioria das unidades militares de então.
              Em 1937, corria a gestão do General Manuel Rabelo como Diretor da Engenharia do Exército. Aí pôde ele imprimir grande impulso às obras militares, Dentre as inúmeras que tomou a peito levar avante sobressai a nova Escola Militar. No dia dois de setembro de 1937, o General Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra, designa uma Comissão para escolher definitivamente o local da nova escola.
               Em fevereiro de 1938 a Comissão composta pelo Cel Luiz Sá de Affonseca (promovido a General, será o responsável pela construção), Ten Cel Abacilio Fulgêncio dos Reis e pelo Cap Amaury Kruel, escolheu os terrenos circunvizinhos à cidade de Resende, RJ, para a localização da futura Escola Militar. Na época, esses terrenos, denominados "Horto Florestal" e "Estação da Monta", eram pertencentes ao Ministério da Agricultura e, em parte, ocupados pelo Ministério da Guerra, que neles havia construído um modesto campo de pouso para seus aviões aturarem na Revolução de 1932.
               Em 29 de julho de 1938, com a presença do Presidente Getúlio Vargas, foi lançada a pedra fundamental no local da construção."Estou certo de que cada cadete ao penetrar nos seus humbrais sentir-se-á elevado pela própria imponência e pela própria suntuosidade do edifício monumental onde vai efetuar seus estudos" - foram algumas das palavras proferidas na ocasião pelo Presidente da República.
                Decidida a escolha de Resende, pelo Decreto - Lei no. 370, de 11 de abril de 1938, foi criada a Comissão Construtora da Nova  Escola Militar (CCNEM), em 4 de julho a qual se instalou no Campo das Sementes e Horto Florestal de Resende, ainda em julho desse ano, sob chefia do Ten Cel Waldemiro Pereira da Cunha. Por aviso ministerial no. 201 de 16 de Janeiro de 1940, foi extinta a CCNEM criando-se então a Comissão Especial de Obras de Piquete e Resende, sob a chefia do Gen Bda Luiz Sá de Affonseca. Nessa época foi também desapropriado o terreno onde hoje fica o Aeroporto de Resende, a três quilômetros do centro da cidade.
                 Quanto ao nome da Escola, o Marechal José Pessoa sempre foi contrário ao primeiro nome. Em vez de Escola Militar de Resende, já havia escolhido o nome Academia Militar das Agulhas Negras. De fato, foi um aviso ministerial, de 14 de julho de 1943, que deu o título de Escola Militar de Resende à nova Escola. Pois bem, em 28 de julho desse mesmo ano o General José Pessoa, então ocupando a Inspetoria da Arma de Cavalaria, enviou um ofício ao Ministro da Guerra, documento este denominado "Ponderação  sobre o ato que deu nome à Escola Militar de Resende", solicitando fosse mudado o nome. Até uma sugestão do Cel Travassos, fora enviada antes, ao Ministro, sugerindo o nome "Escola Militar Duque de Caxias". Lembrava nesse esforço para mudança de denominação, que o Conde de Resende, então Vice- rei, havia assinado a sentença de morte de Tiradentes. A verdade é que o General José Pessoa nunca se conformou com o nome dado. Em 1951, pelo decreto de vinte e três de abril, o nome proposto no projeto original viria a ser adotado: Academia Militar das Agulhas Negras. Coube ao General Engenheiro Militar Luiz de Sá Affonseca executar o projeto do arquiteto Raul Penna Firme.
                   No dia 20 de março de 1944, quinhentos e noventa e cinco jovens adentraram pela primeira vez o portão de entrada dos novos cadetes. 

                  RELÍQUIAS, MONUMENTOS E OBRAS:  

                  a. A caneta usada pelo Presidente Getúlio Vargas, para assinar a Ata de Fundação do Corpo de Cadetes, em 25 de agosto de 1931 e 1938, em ouro, está na Academia, como relíquia histórica.
                  b. A mesma caneta foi usada para assinar as Atas do Início da Construção da Escola Militar de Resende em 1938, pelo Presidente Getúlio Vargas.
                  c.  A mesma caneta foi usada também para assinar a Entrega das Obras de Ampliação da AMAN, em 1988, pelo então Ministro do Exército, General Leônidas Pires Gonçalves.
                  d. No Curso de Infantaria há um monumento em homenagem ao Gen. Sampaio, contendo os projéteis que vitimaram o Patrono da Infantaria.
                  e. Nos parques de instrução da AMAN há várias peças de artilharia utilizadas pelo Exército Alemão na II Guerra Mundial, troféus de guerra obtidos pela Força Expedicionária Brasileira na Itália. 
                  f. A entrada monumental prevista era diferente do Portão Monumental ora existente. Seria uma construção com área coberta de 759 metros quadrados, comprimento de 174 metros, "um formidável bloco de 5.395 metros cúbicos", entre o bairro residencial e a Escola, segundo a publicação editada pela Comissão Construtora. 
                  g. Pelo projeto haveria três portões: o da esquerda para o serviço diário, o do centro para os dias festivos e o da direita, o Portão da Vitória, para a saída dos novos aspirantes. Poderão entrar por esse portão também "qualquer cidadão que se tornar digno de tal distinção, como herói da Pátria extremecida" (sic). 
                  h. Essa construção seria de concreto armado, com cobertura "de onde se assistirão as solenidades militares no Campo de Parada" (atual Campo de Marte). Ao lado do portão ficaria o Corpo da Guarda.     
                  i. Panteon de Caxias: no projeto original o Panteon ficaria no Conjunto Principal, na Fazenda do Castelo, de onde sairia uma esplanada que terminaria por um cais, com balaustrada, na margem do Paraíba. No Panteon ficariam os seus restos mortais. O edifício ficaria á direita de quem entra na AMAN. Serviria também como capela. Segundo a publicação da Comissão Construtora: "O Panteon de Caxias será o lugar de honra, locado à direita de quem entra na Escola, isolado em local de absoluta quietude e voltado para as Agulhas Negras, perfeitamente banhado pelos raios solares, com linhas arquitetônicas em gracioso estilo romano; dispondo de museu, capela, etc., e tendo à sua frente maravilhosa e imponente estátua equestre do Herói, será, sem dúvida, o fecho de ouro de toda essa série de magníficas construções da Escola Militar". Como sabemos, o Projeto não foi executado. Nada foi construído na sede da Fazenda Castelo que ainda se localiza junto ao trevo de entrada da cidade de Resende.
                   j. O Pátio Tenente Moura: homenageia o Ten Moura, desportista que se preparava para tentar a travessia do Canal da Mancha a nado e que foi vítima do seguinte acidente aéreo: o piloto da FAB, Ten Brasil, deu uma carona ao Ten Moura num avião NA(T-6). Depois do avião ar uma rasante na região do Penedo, ao executar um looping foi direto ao solo. Perderam a vida os dois tenentes. Este acidente tem sido confundido por alguns com o do Cadete Osório, do Ceará, que pilotando um Aeronca sobrevoou a AMAN, onde jogou suas roupas para depois rumar para o Rio de Janeiro, onde fez alguns rasantes em Copacabana e embicou para o oceano, onde caiu e morreu.
                   k. O antigo pátio do Curso Básico recebeu o nome do Ten Márcio. Esse oficial estava ministrando uma instrução de granadas, quando um explodiu e o matou.
                    l. A pista de cordas da Sec de Ed Física leva o nome do Maj Hallier morto em acidente na SIEsp, em 1980. Numa instrução noturna houve um ataque aéreo com dois caças da FAB atingindo o objetivo, O primeiro caça destruiu todo o alvo, que tinha lâmpadas sinalizadoras. Ao perceber o perigo, pois o 2º caça poderia atingir um helicóptero que estava em outro local, próximo aos cadetes que assistiam o bombardeio, o  Maj saiu do abrigo em que estava para avisar o piloto no sentido dele apagar a lâmpada que piscava intermitentemente no alto do helicóptero. Quando estava chegando no aparelho o caça o atingiu, matando-o, junto com o Cap Lacerda, que também faleceu, dando seu nome à uma área na Área de Instrução Especial da Academia.
                    m. O carro de fogo: regulamentação remanescente da Escola Militar de Realengo, previa que no fim do primeiro período de atividades escolares em cada ano, haveria uma prova para os alunos (cadetes) do primeiro ano, chamada "Exame de Suficiência". A média do final do período, para cada matéria, tinha de ser no mínimo 3,0 (três). Ficou conhecido como "carro de fogo" em homenagem a um professor da EM do Realengo, muito rígido, que em certa ocasião reprovou 400 cadetes e que usava um carro exótico, de dois lugares, de cor vermelha. Quando esse professor chegava á Escola, os cadetes diziam "chegou o diabo, no seu carro de fogo".
                    n. Primeira entrega de Espadins na AMAN: sete de junho de 1953. Antes era feita no Largo do Machado, frente à estátua equestre de Caxias e a partir de 1939 no Panteon para onde foi transferida a estátua e os restos mortais do Duque e da Duquesa.

                   CURIOSIDADES:

                   1. A construção foi orçada em 600.000 contos de réis;
                   2. Foram fincadas 1054 estacas Franki, que se unidas alcançariam um comprimento de 8.500 metros;
                   3. Pé direito da biblioteca Marechal José Pessoa: 9 m;
                   4. Pé direito do refeitório de cadetes: 10 m;
                   5. Pé direito do cinema antigo, atual Anfiteatro Gen Médice (AGM); 18 m;
                   6. Efetivo previsto na obra - 12 dormitórios por pavimento x 3 pavimentos x 5 alas = 180 dormitórios (apartamentos), com 8 cadetes cada, comportando um efetivo de 1440 cadetes.
                   7. Por dificuldades financeiras, a AMAN quase foi construída na cidade de Petrópolis, em terreno doado, no qual foram feitos estudos preliminares.
                   8. A idéia da mudança permaneceu "congelada" até 1937.
                   9. O industrial Henrique Lage oferecEu à Academia todo o mármore a ser utilizado na construção. Por esse motivo é considerado o cadete número um e recebeu o primeiro espadim da nova Academia. Tudo começou na antiga Escola Militar da Praia Vermelha, com Antônio Marins Lage Filho, fundador em 1891, da Companhia de Navegação Costeira. Sabedor das dificuldades financeiras dos alunos oferecia passagem gratuita para eles em seus navios. Seu filho, Henrique Lage, continuou a tradição. A amizade do grande industrial com o General José Pessoa, levou Henrique Lage a se engajar no projeto de construção da AMAN. Além de doar o mármore utilizado na construção, mandou fundir os portões de ferro da Academia e ofertou toda a prataria para o refeitório dos cadetes. Todo o esse empenho na construção fez com que Henrique Lage fosse, pelo Boletim Interno no. 59, de 13 de março de 1943, homenageado pela Academia com o título de Cadete no. Esse mesmo Boletim declara que “o Cadete no. 1 pertencerá sempre ao estado efetivo da Escola, devendo ser seu número incluído na sub-unidade a que pertencer o Cadete Porta – Estandarte; em todas as chamadas das “revistas do recolher” o sargento de dia à sub-unidade já referida chamará “CADETE No.1”, cabendo ao cadete porta – estandarte (na sua ausência o cabo de dia) responder “Henrique Lage!”.
                    10. As duas colunas que compõe o Portão Monumental simbolizam as colunas de Hércules, representando o esforço a que estão sujeitos os que se destinam à carreira das Armas.
                    11. Há três portões; um menor à esquerda de quem entra, que só é aberto uma vez por ano, sendo a entrada dos novos cadetes; um maior ao centro, que serve de entrada principal e outro, menor, à direita de quem entra, que só é aberto uma vez por ano, para a saída dos novos aspirantes a oficial, formados nos quatro anos de escola. A abertura do portão de entrada dos novos cadetes é feita pelo "cadete claviculário" - o mais novo em idade da turma. A abertura do portão de saída dos novos aspirantes é feita pelo cadete melhor classificado no curso.
                    12. No portão de entrada dos novos cadetes há uma placa de bronze com os nomes dos integrantes da primeira guarnição de guarda, nos dias 11 para 12 de março de 1944.
                    13. O Campo que se descortina logo após a entrada é chamado Campo de Marte, a mesma denominação do Realengo, simbolizando o campo onde os soldados romanos treinavam em homenagem a Marte, o deus da guerra.
                    14. Ladeando a Av do Exército - entrada da Academia - há canhões oriundos da guerra da Tríplice Aliança e da II Guerra Mundial. 
                    15. Monumento aos Tenentes Mortos em Combate na Campanha da Itália: em 23 de abril de 1952, foi inaugurado este monumento. Tudo surgiu quando os cadetes de Infantaria tiveram a idéia de erigir, no parque ou na ala, um monumento em homenagem ao Aspirante Francisco Mega, morto em ação na Itália. Depois, decidiu-se que o Monumento homenagearia todos os tenentes mortos na campanha e que o monumento ficaria na entrada da AMAN, do lado direito. Os tenentes homenageados são: Aluysio Faria (acidente com uma viatura); Francisco Mega (Morto em ação); Godofredo de Cerqueira de Leite (Morto em ação) José Maria Pinto Duarte (Morto em ação).
                    16. Nomes dados pelos cadetes às refeições   
                    > O bom humor e as brincadeiras ajudam na manutenção do moral alto. E os cadetes usam desse bom humor em diversas ocasiões. Nas refeições, utilizam nomes pitorescos:
                        >> a. almôndegas = granadas
                        >> b. carne moída = boi ralado
                        >> c. dobradinha = desastre na Dutra    
                        >> d. carne cozida = carne de monstro
                        >> e. arroz = unidos venceremos
                        >> f. sopa de legumes = sopa de japona
                        >> g. bife a milanesa = bife de japona
                        >> h. salada mista = carnaval     
                        >> i.ovo frito = “zoiudo”
                        >> j. frango frito = frango de Chernobil (só tem asa e coxa)

                    OUTROS DADOS:

                     1. Água potável fornecida pela Represa existente dentro da AMAN: 3.000 metros cúbicos /dia.
                     2. Alimentação da represa: Rio Alambarí Mirim - 6.000 a 9.000 metros cúbicos/dia.      
                     3. Capacidade da represa: 1.300.000 metros cúbicos, volume suficiente para suprir a Academia por um ano, na época.
                     
4. Linha adutora em três seções, no total de 9.400 metros de tubos de ferro fundido e tubos de concreto centrifugado.
                     5. Rede de esgotos (antes da ampliação): 4.500 m de tubos de concreto.
                     6. Escoamento de águas fluviais (antes da ampliação): 6.000 m.
                     7. Fonte luminosa: no lago em frente do Conjunto Principal I.
                     8. Pelo projeto original haveria um ramal de 2km ligando a Estrada de Ferro da Central do Brasil à Escola.
                     9. Paisagismo: foram plantadas mudas de árvores da flora brasileira oriundas de todo território nacional. segundo a publicação da Comissão Construtora: "os cadetes terão assim, ante os olhos, minorando-lhes a nostalgia, como que um pedaço da natureza do longínquo torrão natal".
                     10. Área de pisos: 150.000 metros quadrados (antes da ampliação).

                   FONTES:

                   * AGULHAS NEGRAS - Tradição e atualidade do ensino militar do Brasil. Rio de Janeiro: AC&M Editora, 1993.

                   * BENTO, Cláudio Moreira. Os 60 anos da academia militar das Agulhas Negras em Resende. Resende: RTN Editora e Artes Gráficas Ltda, 2004.

                   * BRAGA, Gustavo Lisboa,  Da casa do trem à AMAN. Rio de Janeiro: Escola Senai de Artes Gráficas, 2004.

                   * ESCOLA MILITAR DE REZENDE.  Comissão Construtora da Escola Militar de Resende, (20 de março de 1944). Rio de Janeiro: E. do R io, 1944.

Resende, 19 de outubro de 2010.

LUIZ CARLOS RAMIREZ
Cel Com PTTC AMAN

Prof de Liderança Militar (Psicologia) da AMAN

COMO ACONTECEU A CRIAÇÃO DA SEÇÃO DE INSTRUÇÃO ESPECIAL - SIEsp, DA AMAN ?

Esse artigo deve ser emoldurado e pendurado em lugar de destaque, em todos os PC, de todos os níveis, desde o Capitão até o Comandante do Exército ! Inesquecível foram os nossos exercícios no DIEsp/SIEsp. Portanto, todos nós, Oficiais da AMAN, a partir da Turma de 1967, somos um ex-combatente ou combatente da "Esboslávia do Sul", com muita honra !

         Esse texto foi escrito, faz muitos anos, pelo Gen Ex Câmara Senna, sobre a criação da SIESP na AMAN em 1967.É interessante pois, com o tempo, vamos perdendo a memória de fatos relevantes na história do EB.

         A CRIAÇÃO DA SIEsp NA AMAN

Era o ano de 1967, período mais intenso da Guerra do Vietnã, em que as forças de guerrilha Vietnamitas estavam levando vantagem sobre o Exército mais potente do mundo.
        No Brasil, vivíamos um período em que atuavam grupos de guerrilhas que buscavam organizar no país um forte foco, que evoluísse gradualmente para a luta armada, com a consequente tomada do poder, à semelhança de Cuba, da China e de outros países comunistas.
        No Exército vivia-se uma dicotomia entre uma doutrina baseada na Segunda Guerra Mundial, com o consequente preparo da Força Terrestre voltado para um conflito convencional e, na prática, seu emprego real era predominantemente em ações de GLO (na época denominada Defesa Interna).

       Os cadetes eram preparados na AMAN para uma guerra convencional, porém estavam sendo empregados, quando formados, em operações reais de contraguerrilha. Desse paradoxo entre o preparo e o emprego real da tropa surgiu, na AMAN, o sentimento de que algo deveria ser mudado na instrução do cadete. Surgiu daí a ideia de formar um núcleo de oficiais “Comandos” em condições de organizar o Departamento de Instrução Especial (DIEsp) e serem os seus instrutores pioneiros.

       Ao final do Curso de Comandos na Brigada Paraquedista, regressamos à AMAN e iniciamos os trabalhos. Algumas semanas depois foi designado o TC Jofre, professor da AMAN e paraquedista para ser o Instrutor Chefe pioneiro e que havia aceitado o desafio de organizar o DIEsp. Nos disponibilizaram, para instalar o Departamento, duas salas na área das garagens do Curso Básico.
       A missão que nos foi dada foi muito sintética ou seja: “vocês têm que modernizar a instrução da AMAN” com a finalidade de preparar tenentes para a guerra do futuro, a guerra “não convencional”. Para isso, nos deram “carta branca” para fazermos o que fosse necessário para que, já no segundo semestre de 67, fossem realizados os primeiros estágios para os cadetes do quarto ano.
      Foi um árduo trabalho inicial, em que planejamos os primeiros estágios, reconhecemos e selecionamos os diversos locais dos exercícios, montamos o AIEsp (a área de treinamento básico), o Campo Escola de Montanhismo nas Agulhas Negras, etc.
       Recebemos a orientação do TC Jofre, Instrutor Chefe pioneiro, para sermos “diferentes” dos demais instrutores da AMAN. Deveríamos usar uniformes e equipamentos diferentes e, ainda me lembro, a seguinte orientação que nos foi passada: “Quando um instrutor do DIEsp entrar no Conjunto Principal deve despertar a atenção de todos. Os cadetes têm que espontaneamente parar para ver e admirar esses instrutores”. Realmente um exagero, mas aos poucos isso realmente foi acontecendo. Éramos uma equipe de “Comandos” levando novas táticas de guerra e processos de instrução revolucionários e muito mais rigorosos.
        Vencemos muitos paradigmas, passamos a usar pela primeira vez o uniforme camuflado, o brevê de Comandos no ombro, boina preta, pistola, faca e equipamento de montanha. Algumas vezes entrávamos no Conjunto Principal de mochila e fuzil, aliás sem muita razão, a não ser, para sermos diferentes. Acho que isso deu certo pois éramos quase que “endeusados” pelos cadetes.

        Fora dos estágios, os tratávamos sem nenhuma arrogância ou superioridade e, até hoje, eles lembram com grande satisfação suas passagens pela SIEsp. Interessante é que hoje, vários deles foram os generais do Alto Comando do Exército, do Superior Tribunal Militar e Ministros do Governo Federal.
        
        No segundo semestre, demos início ao primeiro estágio de Fuga e Evasão com o quarto ano dos Cursos de Infantaria e Cavalaria (turma de 1967). Eles foram os cadetes pioneiros da SIEsp. A reação dos cadetes foi a melhor possível. Nas pesquisas que realizamos, mais de 90% deles elogiavam a maneira como o estágio foi conduzido e comentavam que esse era realmente o tipo de instrução moderna e desafiadora, que os preparava para as operações reais nas quais estariam envolvidos nos próximos anos.
       Nesse ano de 1967, realizamos estágios de Fuga e Evasão e de Contraguerrilha para o 4ºano, estágios de Patrulha para 3º ano e de Montanhismo para o 2º ano. Nós, instrutores pioneiros da SIESP, tivemos um encargo extra muito desgastante. Tivemos que reconhecer todos as trilhas dos exercícios de patrulha, de fuga e evasão, e de montanhismo. A principal área de instrução era o Pico da Agulhas Negras com 2800 metros de altura e temperatura abaixo de zero no inverno. O ar era rarefeito e nos cansávamos muito mais. Um desses reconhecimentos foi muito marcante. Eu e o Cap Siqueira saímos de Mauá e fizemos a escalada do Pico das Agulhas Negras, por uma rota ainda desconhecida, procurando um itinerário para um estágio de fuga e evasão. Tudo era muito arriscado naquela época. Saímos cedo, nós dois, sem carta, sem guia de montanha, sem comunicações e sem apoio médico ou resgate. Escalamos sem saber se conseguiríamos vencer todos os obstáculos e, por sorte, sem acidente, conseguimos chegar ao Abrigo Rebouças. Foi realmente uma imprudência, mas essa era a maneira que tínhamos que agir para conseguirmos montar os estágios. Ou se fazia assim ou não cumpríamos a missão.
        Nós, instrutores, acompanhávamos as patrulhas de estagiários nos exercícios, sofrendo com eles as mesmas dificuldades. Lembro-me de uma vez que, próximo ao pico das Agulhas Negras, a temperatura estava menos 5 graus. Eu estava acompanhando uma patrulha num estágio de montanha e paramos para passar a noite ao relento. Entrei no “saco de dormir” e quando acordei por volta da 5 da manhã o plástico estava com placas de gelo, ou seja, dormi por umas 6 horas em um casulo de gelo e o detalhe é que estava tão cansado que não senti frio. Fui aquecido pela própria respiração no interior do abrigo.
 
       Não posso deixar de mencionar a importante participação do Cel Pqdt Jofre, Instrutor-Chefe pioneiro, já falecido, mas que deixou a sua inesquecível marca nessa fase de implantação da SIEsp. Foi antes de tudo um grande líder que tivemos, e um grande exemplo para toda a AMAN.

       Ainda no ano de 1967, realizamos na AMAN um novo Curso de Comandos, com a finalidade de formar uma nova equipe de instrutores da SIEsp. Esse curso foi considerado também como um curso oficial da Brigada Paraquedista. Os instrutores éramos nós, da SIEsp, reforçados, em alguns estágios, por instrutores Comandos e Forças Especiais da Brigada Paraquedista. Os dois últimos estágios desse curso foram realizados no Centro de Instrução de Guerra na Selva, em Manaus. No estágio de Fuga e Evasão os alunos tiveram que progredir, em sobrevivência na selva amazônica, por aproximadamente 20 km até serem resgatados. Nós, instrutores da SIEsp, acompanhamos esse deslocamento. Alguns instrutores e alunos pegaram uma doença da selva denominada Leishmaniose, mas foram tratados com uma medicação nova e foram todos curados.
        No ano seguinte esses novos Comandos já foram empregados como reforço aos instrutores da SIESP.
       
        Em 1968 assumiu a Chefia da SIEsp o Cap Siqueira (depois Cmt da Brigada Paraquedista) prosseguindo o trabalho iniciado pelo TC Jofre. Em 1969 eu era o único remanescente da equipe de “instrutores pioneiros” na SIEsp. O Instrutor Chefe nesse ano foi o TC Wilber, que havia sido formado Comandos no Curso realizado em 1967. A SIEsp, desde a sua criação, passou por momentos difíceis, talvez por ter rompido paradigmas, incomodado em algumas situações os demais Cursos da AMAN e causado melindres em alguns instrutores mais tradicionais, pela enorme aceitação que teve por parte dos cadetes.
        Em alguns momentos, por não ser bem compreendida, a SIEsp foi até ameaçada de ser fechada. Conseguimos vencer, com muita tenacidade e diplomacia, todos os obstáculos e, pouco a pouco, os demais cursos passaram a incorporar ensinamentos dessa instrução especial. Os currículos da AMAN foram modernizados e os novos Aspirante se apresentava na tropa com melhor preparo, e uma mentalidade moderna e mais “guerreira”.

        Muito me orgulho dos anos vividos na AMAN (de 1966 a 1969). Colaboramos significativamente para o aprimoramento da operacionalidade do Exército. O esforço não foi em vão. Guardo excelentes lembranças de todos aqueles que trabalharam comigo naquela empreitada pioneira e dos cadetes das turmas de 67, 68, 69 e 70, que compreenderam a necessidade daquele tipo de instrução e que depois passaram a ser os novos instrutores da SIEsp, instrutores dos outros Centros de Instrução e das nossas Escolas de Formação e Aperfeiçoamento, difundindo os ensinamentos recebidos no pioneiro “DIEsp”.

        “Falando-se de Instrução Militar, a SIEsp foi a coisa mais importante que aconteceu no EB depois da 2ª Guerra Mundial” (palavras do Gen Pqdt Siqueira).

CLIQUE NAS FOTOS PARA AUMENTÁ-LAS

Cronograma de
Atividades
Equipe Inicial de Instrutores - 1967
SACI -
"Significado"

 

          

QUE CAXIAS, ANTES DE MORRER, DEIXOU UM TESTAMENTO?

          No dia 7 de maio de 1880, às 20h30, morria Luiz Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias. Mais que Patrono do Exército Brasileiro, símbolo de liderança e herói nacional, seu nome passou a ser cultuado como sinônimo de modelo desejável de cidadão, militar ou civil. Passados 139 anos de sua morte, o legado de Caxias permanece vivo. Não à toa, transformou-se em verbete de dicionário, que confere a essa palavra, na classe de adjetivo, as seguintes definições: "diz-se de pessoa muito disciplinada, estudiosa, cumpridora de seus deveres"; "diz-se de pessoa que, em cargo de chefia, exige de seus subordinados o cumprimento rigoroso dos deveres, das leis e dos regulamentos".

          Caxias atingiu o ápice da carreira militar. Invicto em campanhas no Brasil e no exterior, "o Pacificador" alcançou o posto de Marechal de Exército em 1866, ao assumir o comando das tropas brasileiras na Guerra da Tríplice Aliança. Fora da caserna, foi senador, Presidente do Conselho de Ministros e único brasileiro a receber o título nobiliárquico de duque durante o Segundo Reinado.

          Todavia, as glórias acumuladas ao longo da vida não modificaram o modo de ser do cidadão Luiz Alves de Lima e Silva. Simples até o final, Caxias expressou os últimos desejos em um testamento que se transformou em síntese do seu caráter comedido e sereno. Um documento representativo do espírito de militar privado de vaidades e suscetibilidades. Algo raro em um homem com sua posição.

          Alguns trechos do testamento são eloquentes. Em dada passagem, Caxias deixa claro aos seus testamenteiros a forma como desejava que fosse procedido o próprio funeral. "Recomendo a estes que quero que meu enterro seja feito, sem pompa alguma, e só como irmão da Cruz dos Militares, no grau que ali tenho. Dispensando o estado da Casa Imperial, que se costuma a mandar aos que exercem o cargo que tenho".

          Além de dividir os bens pessoais com seus herdeiros, Caxias teve a cortesia de não se esquecer daqueles que o acompanhavam mais de perto. Ao empregado pessoal e homônimo, Luiz Alves, deixou "quatrocentos mil réis e toda a roupa do meu uso". Coube ao amigo e companheiro de trabalho, João de Souza da Fonseca Costa, "como sinal de lembrança, todas as minhas armas, inclusive a espada com que comandei, seis vezes, em campanha, e o cavalo de minha montaria, arreado com os arreios melhores que tiver na ocasião da minha morte". Ao Capitão Salustiano de Barros Albuquerque, que era seu secretário pessoal, "deixo meu relógio de ouro com a competente corrente, também como lembrança pela lealdade com que tem me servido".

           Mesmo possuindo as prerrogativas das funções que exerceu, Caxias dispensou qualquer espécie de ostentação em suas honras fúnebres, exprimindo que "só desejo que me mandem seis soldados, escolhidos dos mais antigos, e de melhor conduta, dos corpos da Guarnição, pra pegar as argolas do meu caixão".

Esse é Caxias por ele mesmo. Autorretrato perfeito desse militar, estadista e herói brasileiro. Símbolo de honra e devoção à carreira das armas, que teve sua data natalícia, 25 de agosto, transformada na maior efeméride do Exército Brasileiro: o Dia do Soldado.

UM TEXTO SOBRE MILITAR DA RESERVA

O ENÍGMA DOS CAMELOS - O HOMEM QUE CALCULAVA
       Poucas horas havia que viajávamos sem interrupção, quando nos ocorreu uma aventura digna de registro, na qual meu companheiro Beremiz, com grande talento, pôs em prática as suas habilidades de exímio algebrista.
       Encontramos perto de um antigo refugio meio abandonado, três homens que discutiam acaloradamente ao pé de um lote de camelos. Por entre pragas e impropérios gritavam possessos, furiosos:
       - Não pode ser!
       - Isto é um roubo!
       - Não aceito!
       O inteligente Beremiz procurou informar-se do que se tratava.
       - Somos irmãos – esclareceu o mais velho – e recebemos como herança esses 35 camelos. Segundo a vontade expressa de meu pai, devo receber a metade, o meu irmão Hamed Namir uma terça parte, e, ao Harim, o mais moço, deve tocar apenas a nona parte. Não sabemos, porém, como dividir dessa forma 35 camelos, e, a cada partilha proposta segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17 e meio. Como fazer a partilha se a terça e a nona parte de 35, também, não são exatas?
        O mais velho recebe: metade de 35 = 17 e 1/2
        O irmão do meio recebe: um terço de 35 = 11 e 2/3
        O caçula recebe: um nono de 35 = 3 e 8/9
        - É muito simples – atalhou o Homem que Calculava. – Encarrego-me de fazer com justiça essa divisão, se permitirem que eu junte aos 35 camelos da herança este belo animal que em boa hora aqui nos trouxe!
       Neste ponto, procurei intervir na questão:
       - Não posso consentir em semelhante loucura! Como poderíamos concluir a viajem se ficássemos sem o camelo?
       - Não te preocupes com o resultado, ó Bagdali! – replicou-me em voz baixa Beremiz – Sei muito bem o que estou fazendo. Cede-me o teu camelo e verás no fim a que conclusão quero chegar.
       Tal foi o tom de segurança com que ele falou, que não tive dúvida em entregar-lhe o meu belo camelo que, imediatamente, foi reunido aos 35 ali presentes, para serem repartidos pelos três herdeiros.
       - Vou, meus amigos – disse ele, dirigindo-se aos três irmãos -, fazer a divisão justa e exata dos camelos que são agora, como ve
em em número de 36.
       E, voltando-se para o mais velho dos irmãos, assim falou:
       - Deverias receber meu amigo, a metade de 35, isto é, 17 e meio.
       Receberás a metade de 36, portanto, 18. Nada tens a reclamar, pois é claro que saíste lucrando com esta divisão.
       E, dirigindo-se ao segundo herdeiro, continuou:
       - E tu, Hamed Namir, deverias receber um terço de 35, isto é 11 e pouco.
       Vais receber um terço de 36, isto é 12. Não poderás protestar, pois tu também saíste com visível lucro na transação.
       E disse por fim ao mais moço:
       - E tu jovem Harim Namir, segundo a vontade de teu pai, deverias receber uma nona parte de 35, isto é 3 e tanto. Vais receber uma nona parte de 36, isto é, o teu lucro foi igualmente notável. Só tens a agradecer-me pelo resultado!
       E concluiu com a maior segurança e serenidade:
       - O mais velho recebe: metade de 36 = 18
       - O irmão do meio recebe: um terço de 36 = 12
       - O caçula recebe: um nono de 36 = 4
        - Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos Namir – partilha em que todos três saíram lucrando – couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18+12+4) de 34 camelos. Dos 36 camelos, sobram, portanto, dois. Um pertence como sabem ao bagdáli, meu amigo e companheiro, outro toca por direito a mim, por ter resolvido a contento de todos o complicado problema da herança!
        - Sois inteligente, ó Estrangeiro! – exclamou o mais velho dos três irmãos.
        – Aceitamos a vossa partilha na certeza de que foi feita com justiça e equidade! E o astucioso Beremiz – o Homem que Calculava – tomou logo posse de um dos mais belos “jamales” do grupo e disse-me, entregando-me pela rédea o animal que me pertencia:
        - Poderás agora, meu amigo, continuar a viajem no teu camelo manso e seguro! Tenho outro, especialmente para mim!
        E continuamos nossa jornada para Bagdá.
        Retirado do livro "O Homem que Calculava (Malba Tahan)"

PORQUE QUE AQUELE DOCINHO DE CHOCOLATE SE CHAMA BRIGADEIRO?
     Em 1945, o Brigadeiro Eduardo Gomes, da União Democrática Nacional (UDN) disputava a sucessão presidencial de Getúlio Vargas com o Marechal Eurico Gaspar Dutra, Partido Social Democrático (PSD).
     Aliado do Presidente, Dutra tinha a prioridade dele a seu favor.
     Eduardo Gomes contava com o triunfo do eleitorado feminino. Alto e charmoso, nunca se casou, seu lema de campanha era "vote no Brigadeiro, que é bonito e é solteiro" As mulheres que o apoiavam resolveram conquistar os eleitores pelo estômago.
    Elas misturavam leite condensado com chocolate em pó e faziam o "docinho do Brigadeiro", vendido para arrecadar fundos para a campanha. A guloseima fez sucesso, mas não adiantou. Dutra ganhou a eleição e assumiu à Presidência em 1946.

PORQUE USAMOS A ALIANÇA DE CASAMENTO NO 4.º DEDO DA MÃO ESQUERDA?
     Porque os romanos acreditavam, desde às epocas antigas, que no 4.º dedo da mão esquerda passa um veia que leva o sangue, diretamente, ao coração.


LEGIÃO DA INFANTARIA / BRASÍLIA - LEGIÃO GEN SILVA NÉTO

CopyRigth © 2003/2024 - Todos os direitos reservados