PALAVRAS DE DESPEDIDAS DO CMT 6ª BDA
INF BLD / JANEIRO DE 2010
No
coração
do Rio Grande um dia eu fui morar,
Lá encontrei o amor, lá aprendi a amar.
No dia 4 de julho de 2007, tomei conhecimento da escolha
de meu nome pelo Alto Comando do Exército para integrar
a lista dos coronéis que ascenderiam ao generalato. Naquela
mesma ocasião, recebi a notícia de que minha primeira
comissão
seria a de Comandante da 6ª Brigada de Infantaria Blindada,
sediada em Santa Maria.
Viemos para o Rio Grande com muita alegria e com a esperança
de que aqui continuaríamos a ser felizes, servir à Patria,
conhecer pessoas e fazer amigos. Terminada esta missão,
partimos para próxima, levando o Rio Grande conosco e deixando
parte do nosso coração no coração do
Rio Grande.
Sinto que devo cumprir o dever profissional de expressar minha
gratidão a todos que contribuíram para que eu conseguisse
superar minhas limitações, comandando com relativo
acerto.
Agradeço a Deus, causa primária de todas as coisas,
pelo dom da vida, meu tesouro maior, e pela proteção
a mim e aos meus comandados, especialmente nos momentos de riscos
inerentes à atividade militar.
Aos espíritos superiores, pela inspiração
e zelo com que guiam meus passos.
Aos meus pais, Mariano e Niomar, pelo amor, carinho, exemplos,
ensinamentos e, principalmente, pela maneira com que me confiaram
ao Exército nos primeiros dias de minha juventude.
À Vera Cristina, minha querida esposa, amiga e companheira, pela
presença permanente em minha vida.
Aos meu filhos, Ana, Leonardo e Gustavo, este que me acompanhou
em Santa Maria e aqui permanece, esperanças que o céu
me concedeu.
Ao Comandante do Exército, Gen Enzo, pela confiança
ao me nomear comandante desta grande unidade operacional de minha
Arma.
Ao Comandante Militar do Sul, Gen Elito e Gen De Nardi, pela liderança
e atenção com que prestigiaram a nossa brigada.
Ao Comandante da 3ª Região Militar, Gen Bolivar e Gen
Benzi, pelo apoio sempre prestado.
Ao Comandante da 3ª Divisão de Exército, Gen
Adriano e Gen Araken, meu chefe imediato, pela convivência
diuturna, orientações e diretrizes claras, correções
oportunas e amizade, com que eu e minha família fomos distingüidos.
Aos demais oficiais-generais, comandantes das grandes unidades
da Divisão Encouraçada, pela camaragem, cooperação
e relacionamento fraterno.
Aos oficiais de meu estado-maior, chefiados pelo Cel Lermen e Cel
Chies, pelo assessoramento imediato, franco, leal e direto, com
que conduziram os trabalhos, propiciando as melhores condições
para a tomada de minha decisão.
Aos integrantes de meu estado-maior pessoal, especialmente meus
auxiliares Cap Gomes Filho e ST Urbaneto, que se tornaram meus
irmãos, e aos taifeiros e motoristas que apoiaram a mim
e a minha família.
Aos comandantes das organizações militares subordinadas,
líderes exemplares, que permitiram que a minha ação
de comando fluisse à tropa.
Ao Cel Almeida Rosa e demais integrantes do estado-maior divisionário,
aos comandantes das demais organizações militares
de Santa Maria, incluindo a Base Aérea de Santa Maria e
a Brigada Militar do Rio Grande do Sul pelo convívio profissional
e camarada.
Ao Executivo Municipal de Santa Maria, Rosário do Sul, Cacequi,
Alegrete e Santa Cruz do Sul, ao Legislativo de Santa Maria, ao
Judiciário Federal, Estadual e Militar da União,
pelo convívio institucional, respeitoso e amigo.
Agradeço ao Grupo Mão Amiga, carinhosamente apelidado
de “A Costurinha” pelo trabalho de assistência
social prestado principalmente à família militar,
na preparação de enxovais para as crianças
recém-nascidas, filhas de nossos cabos e soldados.
Agradeço ao Centro Hípico de Santa Maria pelas cavalgadas,
onde pude usufruir de sadia confraternização em torno
do nobre amigo, que tanto participou da conquista do Rio Grande
brasileiro.
Agradeço aos religiosos dos diversos segmentos pelo apoio
espiritual prestado à tropa, em especial aos abenegados
confrades da Cruzada dos Militares Espíritas.
Agradeço aos amigos santamarienses pelo carinho e atenção
dispensados a mim e à minha família.
Finalmente, e mais importante, agradeço aos meus comandados
integrantes da Brigada Niederauer pela companhia nas operações
e exercícios no terreno, por compartilharmos as noites frias
e os dias quentes, o sol e a chuva, a lama e a poeira, na preparação
para a defesa da Pátria, na certeza de que as gotas do suor
que derramamos no treinamento poupar-nos-ão litros de sangue
em combate. Juntos aprendemos que o desconforto nos traz a rusticidade
necessária para superarmos as agruras da guerra.
A partir de então eu, na condição de infante
pé-de-poeira com o horizonte limitado à ravina palmilhada,
deixei meu coração de fuzileiro pulsar dentro da
couraçada do M113 da Companhia de Comando que me servira
de posto de comando tático, e acompanhei as forças-tarefas
dos 7º e 29º Batalhões de Infantaria Blindados,
e dos 1º e 4º Regimentos de Carrros de Combate nas grandes
manobras envolventes pelos longos eixos de progressão da
campanha gaúcha, confiante no eficaz apoio de fogo do Regimento
Mallet e na cobertura da 6ª Bateria de Artilharia Antiaérea,
no suporte do 4º Batalhão Logístico e dos engenheiros
do Alegrete, ciente de que nossas ligações estão
asseguradas pela 3ª Companhia de Comunicações
Blindada, e nosso itinerário balizado pelo 26º Pelotão
de Polícia do Exército e com a segurança provida
pelo 6º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, contando
com especialização de nossos quadros no Centro de
Instrução de Blindados.
Juntos participamos de inúmeras sessões de treinamento
físico, corridas na madrugada e as competições
desportivas, mantendo a higidez e desenvolvendo espírito
de corpo para o cumprimento da missão.
Ombreamos nas formaturas, solenidades e desfiles, quando vibramos
no cerimonial militar, motivados pelos acordes da banda de música,
sentindo todo o entusiasmo e vibração de ser soldado.
Patrulhamos juntos as ruas do Haiti, integrando o VIIº contingente
da MINUSTAH.
Tenho a plena convicção de que embora possamos dispor
do material de emprego militar mais eficiente que a nação
brasileira possa nos dispobilizar para a sua defesa, nosso valor
reside na mente e no coração de cada soldado, cuja
vontade se constitui na mais eficiente instrumento de vitória.
Foi prazeroso para mim as inúmeras vezes que, seguindo o
rumo do meu próprio coração cheguei ao Alegrete,
passando por Rosário ao fim da tarde, ou fui a Santa Cruz
de manhã.
Foi igualmente prazeroso exercer a presidência do Círculo
Militar de Santa Maria, agradecendo aos associados, em especial
os militares da reserva, integrantes do Grupo de Oficias da Reserva
e Inativos Laços de Amizade, carinhosamente demominado “gorilas”,
da Confraria dos Camaradas de Cavalaria (3C) e da Legião
da Infantaria, pela alegre convivência.
É
chegada a hora de partir, tomar um itinerário de progressão
e buscar a próxima região de destino para cumprir
a nova missão, desta vez como discente da Escola Superior
de Guerra. Estou ciente de que muito aprenderei no convívio
com militares de outras forças e com civis, contribuindo
para ampliar meus horizontes como militar, cidadão e ser
humano.
Desejo ao meu substituto e dileto amigo, o Gen Schons, muitas felicidades
no comando da Brigada e uma feliz estada em Santa Maria juntamente
com Dona Elisabeth.
Me farão sempre sentir gaúcho, a lembrança
da cuia de chimarrão, o mate amargo, a música gaudéria,
a dança folclórica, o movimento tradicionalista,
o churrasco, as partidas de truco, as declamações,
as pilchas, o sotaque e o palavreado gauchesco, os grenais, o cavalo
ensilhado, os rodeios, o laço, a lança, a cancha
de bocha, o minuano, a geada, os temporais, o granizo, os peões
e as prendas, o sabor do vinho, a cerveja polar gelada no calor
escaldante, os balneários, a lareira, o fogo de chão
e o fogão a lenha, um cusco rengueando de frio, a murrinha
na madrugada, a fé em Nossa Senhora Medianeira, e acima
de tudo o orgulho e o amor pelo torrão natal, traduzindo
o mais puro sentimento nativista.
Deixo o Rio Grande mais brasileiro, mais patriota e mais confiante
nos destinos do Brasil.
Sei que as lágrimas insistirão em rolar dos meus
olhos quando as minhas lembranças volverem ao Rio Grande
e aos momentos felizes que aqui usufrui.
Santa Maria, capaz que eu vou me esquecer de ti!
Eu já vou já vou amigo, vou voltar para o meu rincão,
quem eu quero vai comigo, dentro do meu coração.
Eu já vou, já vou amigo, quem mais sente sofre mais,
a saudade é um castigo pra quem fica e pra quem vai.
E o caminho aonde eu sigo, parece não voltar mais,
eu ja vou, mas volto amigo, porque estrada agente faz.
Gen Bda Haroldo
Assad Carneiro
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